terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O Cachorro



Impávido, permanecia o animal, em seu território.
Era dono, afinal, daquele trecho da rua.
Desde que fora adotado por aquela família, dominava aquela área.

 Desviando os buracos da rua de barro, lentamente aproximava-me do denodado animal.
Parecia que ele havia medido precisamente a largura da vereda, pois se encontrava deitado bem no meio da rua.
- Será que esta criatura não vai sair da frente? Resmunguei.

O vira-lata estava imóvel, com o olhar fixo em mim, parecia me encarar sem medo algum.
Seu olhar exprimia a certeza de que aquele território lhe pertencia e que qualquer coisa, animal ou objeto deveria lhe pedir permissão para passar.

Mesmo deitado, como estava, denotava respeito, nem tanto por seu porte físico, muito mais, por sua postura de senhor do pedaço.
Era um animal pequeno com pelagem curta e malhada em branco e preto.
Não era bonito.
Seus olhos castanhos cor de mel chamavam atenção, eram firmes, nem piscavam.
Seu focinho era curto e forte.
Tinha um pescoço corpulento. Certamente possuía uma mordida potente.

Travávamos, agora, um duelo de olhares.
 Confesso que a força daquele olhar me impressionava.

Em meu bólido de metal, plástico e vidro, com uma tonelada de massa aproximava-me daquele, que sem dúvida, era o dono da rua.
O tamanho do veículo não parecia intimidar o animal, e em um gesto de total segurança e certeza de que ali quem manda é ele, o cachorro bocejou.
Percebi então que aquele era o sinal de permissão para eu passar. Cruzo pelo cachorro que se limita a me ignorar.

Passei o resto do dia pensando na confiança que aquele animal demonstrara. 

Decidi que era o momento de ser dono de meu destino, assim, seguro e confiante respirei fundo e fui ter com meu chefe. Há muito desejava lhe pedir um aumento.
Tão confiante quanto aquele animal, manifestei minha exigência por um aumento de salário.
Fui demitido...

Abatido e com a autoestima lá em baixo voltei para casa.
Qual não foi minha surpresa o cachorro ainda permanecia em seu “trono”, supremo, incólume, nada parecia abalá-lo.
Não sei bem porque decidi parar e descer do carro.
Dirigi-me até o animal, para tomar satisfações, afinal, de certa forma, ele fora responsável por minha demissão.
Me aproximei com cuidado e em um gesto de respeito à impoluta figura me abaixei. Olhei bem no fundo de seus olhos, ele me encarou, mas desta vez parecia sereno e dócil.

Não sei falar cachorrez, mas não foi preciso apenas aquele olhar firme e seguro me disseram tudo que deveria saber.
Não perdi um emprego, mas sim ganhei uma oportunidade de exercer uma atividade melhor.
Agora estava livre para fazer algo que me realizasse como ser humano, algo de que eu
realmente gostasse algo que enriquecesse minha vida...

TORNEI-ME ESCRITOR. 

Autor: Sérgio Ricardo

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ANIVERSARIANTES DEZEMBRO/2013



06 - Marina
08 - Eleuzine
08 - Wemerson
09 - Fabiana
11 - José Alberto
19 - Everaldo 
19 - Larissa
28 - Moisés Rodrigues